quinta-feira, 23 de maio de 2013

Posição dos contrários a greve


Notíci


Estudantes da Unesp Ourinhos se posicionam contra greve

Carta de posicionamento dos alunos contra a greve foi assinada por 35 pessoas
Manoel Vinícius da Mata Souza é um dos estudantes que se posiciona contra a greve da Unesp em Ourinhos
A Unesp Ourinhos está em greve desde o dia 17 de abril. Apesar da paralisação das atividades ter sido votada em uma assembleia com a presença de 120 alunos da instituição no mesmo dia, alguns estudantes têm se mostrado contrário à greve.
O grupo contrário à greve, formado por cerca de 35 alunos, elaborou uma carta na qual explica porque tomaram esse posicionamento cerca de um mês depois do início das paralisações das atividades, como aulas e pesquisas.
De acordo com Manoel Vinícius da Mata Souza, formando do curso de Geografia, existe um embate dentro da Unesp Ourinhos. “Temos um endeusamento de uma greve e não é bem assim que funciona. Existe um grupo de pessoas no campus de Ourinhos que são contrários a greve a ‘n’ motivos. Alguns motivos podem até parecer particulares, mas não são. Justamente porque a maior reivindicação dos contrários à greve é o fato dela não ter sido planejada”, explicou.
De acordo com ele, foi chamada uma assembleia de estudantes, onde cerca de 110 estudantes compareceram, uma maioria levantou a mão a favor de uma greve. No entanto, a Unesp Ourinhos tem hoje cerca de 290 alunos.
“Não existe uma contagem, apenas um contraste visual, então mais ou menos um 90 alunos foram a favor da greve. Atualmente, desses 90, talvez 30 ou 40 participem efetivamente das assembleias da greve”, afirmou.
Para ele, faltou mais discussões antes de que a greve fosse finalmente definida. “O fato de uma greve ser uma medida que traz prejuízos para todo mundo deveria fazer com que ela teria que ser consultada toda a comunidade acadêmica, toda a Unesp Ourinhos, ou pelo menos a metade dela, e isso não ocorreu.
Manoel disse que muitas pessoas estão sofrendo muito com os prejuízos da greve, como os próprios formandos, pessoas que tem mestrados e trabalhos encaminhados e estão esperando o diploma.
“Nosso posicionamento não é contrário às reivindicações feitas pelos grevistas, em relação às bolsas, permanência estudantil ou melhoria da educação no estado de São Paulo. Mas somos contrários à situação de greve, que é cansativa e complicada. Se ela tem alguns ganhos, também tem alguns prejuízos que a longo prazo são muito consideráveis”, opinou.
Mesmo tendo voz nas assembleias que são realizadas, para ele os contrários a greve não consegue fazer valer sua opinião. “É como se nosso posicionamento de ser contrário a greve fosse também o de ser contra o ideal de uma educação e de uma universidade melhor”.
O grupo ainda questiona a legitimidade da greve. “A greve não é legítima porque, embora tenha sido realizada a assembleia, ela não teve quem a presidisse, já que não existe um corpo de centro acadêmico formado, e nem uma ata”, disse. Ainda segundo Manoel, algumas medidas jurídicas estão sendo tomadas por parte dos alunos que não querem que a greve continue.

O outro lado
Em nota enviada ao Jornal Diário, o comando de greve da Unesp Ourinhos afirmou que as assembleias são os órgãos supremos de discussão e decisão dos estudantes.
“Devemos lembrar que na assembleia do dia 17 de abril mais de 120 estudantes estavam presentes para discutir a questão da greve, sendo que 112 desses votaram a favor da greve. É importante lembrar que, antes disso, aconteceram inúmeras assembleias para discutir essas questões de precarização até culminar nesta que chamou a greve. Apesar de muitos não estarem presentes diariamente na ocupação, há apoio dessas pessoas, principalmente nas assembleias, para sempre construirmos os próximos passos da mobilização. Deste modo, quem é contra ou a favor da greve, ou quem mudou de opinião, tem este espaço no campus ocupado para expor seus pontos de vista e suas propostas que serão discutidas e decididas por todos os presentes. Quem não comparece nas assembleias sente-se contemplado nas deliberações.
Devemos apontar que a luta não está isolada, temos três campi em greve e inúmeros paralisados, além dos milhares de estudantes que tem lotado as assembleias por todo o estado. Também devemos pontuar que somos contrários a burocracia e que o diálogo entre os estudantes é o melhor meio para contemplar a ideia de todos, assim não há a necessidade de protocolar cartas nos conselhos e na ouvidoria da UNESP.
Portanto, ressalvamos a importância da presença de todos os alunos da Unesp nestes espaços. E se houve uma greve é por que todos os meios já foram tentados e os estudantes estão insatisfeitos com o descaso. Por isso, pensamos coletivamente, assim somos mais fortes, inclusive na luta pela precarização da educação e pelo projeto de sociedade estimulado pelos atuais governos e que vem se espalhando por todas as categorias dentro da universidade. Tanto que os funcionários da Unesp paralisarão na próxima sexta-feira, dia 24 de maio, e os professores do campus de Marília, contra a proposta de aumento de 5% oferecido pelos reitores da Unesp, Usp e Unicamp, mostrando mais uma vez que é a união que faz a força e que a luta se mostra cada vez mais necessária”.

**Só gostaríamos de esclarecer que o Centro acadêmico não necessita de corpo para presidir as assembleias, já que essas, segundo estatuto, são supremas, é o órgão máximo de deliberação, sendo que qualquer aluno pode convocar uma.

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