O campus da FCLAR está ocupado, assim
com Marília , Assis e Ourinhos. A particularidade de nossas demandas decorre da
expulsão de 6 estudantes da moradia estudantil em função de uma orgia realizada
no interior de um quarto. Este acontecimento deflagrou uma série de
manifestações pela revogação das expulsões e sindicâncias, e contra os padrões
heteronormativos e a domesticação dos corpos, culminando, ao lado do R.U., em
uma ruptura territorial onde posicionamos nossas barracas há uma semana. A
fogueira, alimentada por lenha, música e utopia, nos aquece durante as noites
em que conspiramos contra tudo aquilo que percebemos fazer parte de um amplo
processo de privatização do ensino, processo que é essencialmente contrário à
educação emancipatória: aquela que liberta, na direção de uma sociedade
organizada horizontalmente, pelos de baixo, de baixo pra cima, e não de forma
piramidal, vertical, de cima pra baixo. Esta perspectiva de educação
emancipatória visa agregar as práticas livres, as relações de afeto
não-patriarcais, e cuja extensão abriga a possibilidade de romper com o cerco
de vigilância, autoritarismo e opressão que ronda o espaço da universidade,
assim como a alienação contida e provocada pelo produtivismo acadêmico,
direcionado para as demandas do mercado, e não da sociedade.
Neste sentido, manifestamos aqui uma
dimensão mais ampla de nossas reivindicações: já não basta a revogação das
expulsões. Queremos o mundo, e o desejamos agora, mesmo desejo que compartilha
o prazer orgástico, que derruba couraças e também derruba muros. Queremos
democratizar a educação, explicitando o apartheid social que aflige o sistema
de ensino brasileiro. E tal democratização passa necessariamente pela
resistência popular e apoio mútuo entre todxs que se dispõem a reverter e transformar
esta realidade obscura: passa necessariamente pela revolução social.
O
primeiro passo é lutar pelas políticas de Permanência Estudantil, ou seja:
contra o corte de bolsas e a favor da ampliação destas a nível integral,
aumentando seu valor e quantidade; pela ampliação do direito a
moradia; contra o aumento do preço do R.U. e a recolocação das catracas – projeto
que já está sendo estudado e que desde já nos propomos a barrar, desejando
assim a inclusão de uma opção vegetariana e a reforma do R.U. para melhorar as
péssimas condições de trabalho e suprir as demandas que crescem a cada dia e
reflete em filas intermináveis e limitação de refeições; contra a
terceirização em todas as categorias de trabalho na universidade
(possibilitando assim melhores condições de trabalho no R.U., no xerox, na
limpeza e na gráfica por exemplo); a favor das cotas, mas contra o PIMESP
(Plano de Inclusão por Mérito), que não deixaremos passar, pois compreendemos
que aprofunda a segregação e elitização no acesso e permanência na
universidade; contra a repressão, cada dia mais presente, e que demonstra a
criminalização dos movimentos sociais (tais como o Movimento Estudantil) pelo
Estado; contra o PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional). A concretização
destas pautas só pode ocorrer através da ação direta: greves, paralisações,
ocupações. O diálogo já nos foi negado no momento em que impuseram tais
condições sobre nós. Convocamos plenária para o dia 06/05, e assembleia geral
para o dia 09/05, que irá deliberar as estratégias futuras para nos
posicionarmos coletivamente de forma a integrar todo o campus frente às
violentas injustiças que experienciamos cotidianamente. Estais atentos.
Diante da necessidade de uma
organização estudantil a nível estadual, que possa atender às reivindicações
não só dos estudantes, mas também das classes trabalhadoras, manifestamos
através desta carta nossa solidariedade à greve dos estudantes de Marília,
Ourinhos e Assis, pontuando reivindicações que são gerais e encontram eco no
discurso e prática dxs companheirxs destes campi. Manifestamos solidariedade também à greve dos professores, cuja
luta é indissociável desta que construímos.
Nem um passo atrás!
POR
UNIVERSIDADES A SERVIÇO DO POVO!
Coletivo
de Estudos Libertários - Araraquara
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